Eu sei que, para diferentes pessoas, existem diferentes pontos de vista. É algo extremamente normal. O que eu não entendo – e acho que deveria existir uma espécie de manual – é como é que uma pessoa se vai adaptando aos diversos tipos de pontos de vista, numa relação.
Não sei se é por eu ter estado com uma pessoa durante quase dois anos e ter-me habituado à sua maneira de pensar, à nossa maneira de reagir, de lidar com os problemas que, agora, olhando para outras relações, certas coisinhas parecem-me simples grãos de areia, sem importância sequer.
Pois é. A verdade é que, ontem à noite, fiquei bastante chocada por saber que namorados se importam que as namoradas lhes leiam as mensagens. Fiquei porque, durante dois anos eu não tive segredos com o meu namorado. Qual será o problema?
Está a Filipa e o António no café “Ali da esquina”, chegam os dois, de mão dada e olhares cheios de cumplicidade que gritam palavras doces de amor, sentam-se lado a lado numa mesa com quatro cadeiras e continuam de mão dada.
A certa altura, o António tira as coisas dos bolsos das calças pois começam a magoá-lo, e pousa a carteira, as chaves de casa, o maço de tabaco, o isqueiro e o telemóvel em cima da mesa.
A Filipa olha para o telemóvel e, quase instintivamente, pega nele.
Mal a Filipa toca no telemóvel, o António pega na faca que tem na meia, e dá-lhe uma facada na mão.
A Filipa olha para ele com olhos de dor e ele calmamente diz:
- Da próxima vez, não mexes no meu telemóvel sem me pedir autorização.
Eu sei, parece uma história ridícula e sem sentido.
Mas não é, eu tenho uma opinião formada sobre relações e acho que, se um casal está junto, está junto para o que der e vier. As coisas, a pouco e pouco, já não são nem minhas nem tuas, nem dele nem dela, começam a ser nossas. Os segredos deixam de existir, assim como a falta de confiança.
Começa-se a criar uma pessoa só. Não, naquele caso, uma Filipa e um António.
A partilha é importante. A partilha das coisas mais simples e banais. É por ai que se começa.
Mas isso… É apenas a minha opinião.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Filipa e António
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