Podia contar muitas, muitas histórias felizes. Mas não conto! Não conto porque não me apetece. Para felicidade basta a realidade. As histórias não têm necessariamente de ser verdadeiras, não têm necessariamente de serem lógicas nem de fazerem sentido. As histórias foram feitas para sonharmos, para acreditarmos em coisas que, muito provavelmente não existem, para nos abrirem os olhos e para, em certos momentos, cairmos na realidade que, afinal, não era assim tão feliz como aparentava ser.
O Henrique não era um rapaz calmo. O Henrique era quase um fora da lei. Mas ele não se importava… Nem ele nem ninguém. Ele nunca foi muito dado. Melhor, ele não era dado mas também não se dava ao trabalho de dar. O Henrique só pensava em rebentar focinhos, partir pernas e jogar futebol. Era um animal. Mentira! Era pior que um animal. Toda a gente odiava o Henrique, e o Henrique odiava toda a gente.
Mas o Henrique mudou. Passou a frequentar os bares chiques de Lisboa, deixou de usar roupas largas, conheceu tios em Cascais, passou a ter modos - deixou de dizer asneiras, já pedia desculpa quando pisava alguém no autocarro e, até já comia de boca fechada.
É verdade! O Henrique mudou. Mas mudou tarde de mais.
Uma vez, foi procurar emprego no maior centro de emprego do país e, para seu azar, o Henrique foi atendido pela mãe de um miúdo a quem o Henrique já tinha posto no hospital, ou seja, o Henrique saiu do Centro de emprego sem emprego, com uma mancha na ficha pessoal e com uma mão marcada na cara.
Depois deste episódio, mais dois se ocorreram. O Henrique fartou-se e voltou à má vida.
Oh sim! Lá é que ele era feliz.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário