sexta-feira, 17 de outubro de 2008

“Apaixona-te por mim. Não um amor de mesa posta, de talheres de prata, de toalha de renda. Não um amor de terça-feira, de água morna, de gaveta arrumada. Apaixona-te por mim no meio de uma tarde de chuva com as ruas alagadas, rosas na mão. Um amor faminto, urgente, latejante. Um amor de carne, sangue, um amor inadiável de perder o rumo, o prumo e o norte. Ama-me um amor de morte. Não me dês um amor educado: que senta, deita, rebola e finge morto, que ladra, lambe e morde. Apaixona-te com sensualidade, sorrateiramente, e assim que eu me distrair, crava-me os dentes, as unhas, rola comigo e perde-te em mim… E sê tão grande a ponto de me deixares perdida também. Ama as minhas curvas, a minha carne. Fecunda-te e espalha-te nas minhas palavras, nos meus entalhes. Faz-me sentir amada, desejada, glorificada em corpo e em espírito. Fá-lo porque eu nunca soube o que é ser de alguém e preciso que me ensines, que me fales, que me cales.”

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