quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Noite Invernal

"Chovia imenso lá fora, mas era cedo demais para a noite acabar ali."



Chovia imenso lá fora, mas era cedo de mais para a noite acabar ali, e num momento cego de loucura, ele vestiu o seu casacão amarelo, deu uma olhadela no espelho, fechou as luzes e saiu de casa.
Chovia imenso lá fora, era de noite, mas o momento cego de loucura fê-lo levar os óculos de sol, talvez escondessem um pouco mais o seu olhar louco, desejante por uma noite, tal como o seu olhar, louca.
Chovia imenso lá fora, e ele, sem guarda-chuva e sem pressas, continuou o seu caminho. De óculos de sol, de andar decidido, paradeiro? Incerto.
Pouco importava. Desde que houvesse música, pessoas e a santa água das noites de fim-de-semana. Pouco importava para onde iria. Pouco importava o que iria fazer, com quem iria estar.
Olhos postos numa noite mais escura do que o normal. No seu corpo ricochetavam gotinhas de chuva. Como sabia bem a liberdade de não ter destino, de não ter segurança, de não ter semelhanças com nenhumas das pessoas que passavam por si na rua, a tentarem não molhar os corpos, a alma.
Aquela noite era sua. Não importava onde. Já estava a sê-lo.
(...)






Foto: Angelo Sequeira
Texto(inspirado na frase e foto de Angelo Sequeira): Sílvia de Santa Bárbara

Sem comentários: