Mais um papel jogado a chão.
A tentativa de lhe sair o coração pelos dedos falhava mais uma vez. Re-começou a história, recomeçou os contos, as batidas.
“Era uma vez”- tentava. Amachucava e tentava fazer pontaria para o caixote do lixo, não acertava. Raramente acertava.
A cabeça doía-lhe. Estava cheia daqueles pensamentos todos que teimavam em sair. Ela precisa de mais espaço para pensar. Ela precisa de mais espaço…
Corre, menina pequenina. Corre atrás dos teus sonhos, corre atrás do que acreditas – acreditas?. Corre pequenina, tenta apanhar aquele pensamento que voou mais alto. Cuidado não caias. Mantém-te segura.
Que ventania desgraçada! Uma bagunça de papéis amachucados a voarem pelo quarto.
Levantou-se da cadeira e começou a arrumar – o quarto, a sua cabeça ou o seu coração?
Nada. As forças faltaram-lhe – não pode ser sempre forte – deitou-se no chão e desatou a chorar. Mais uma vez.
O teu coração, pequenina, fala. Manda-te mensagens que correm pela estrada de sangue, que apanham os ossos e que te chegam aos olhos. As lágrimas que deitas, menina pequenina, são palavras que o teu coração te diz. É como quando sorris.
Mas só ela ouve o seu coração. E ele grita. Bate frenético, tenta sair do peito. Ela leva as mãos ao coração – aquele que só ela ouve – tenta acalmá-lo. Mais uma vez. Mais uma tentativa. Fecha os olhos, deita a cabeça para trás. Sonha e esboça um leve sorriso que se parece a uma brisa fresca num dia de Verão. Sonha que olham para ela. Sonha o mesmo sonho outra vez, de propósito, só para puder sorrir um pouco mais uma vez. Mais uma vez.
Menina pequenina, com os teus olhos brilhantes vais conquistar mundos e galáxias. Como estrelas. Como estrelas que brilham e piscam ao ritmo do teu coração. Sim, os teus olhos são estrelas que representam o teu coração. E o teu coração é teu, menina pequenina. Ninguém te pode tirar o brilho das tuas estrelas.
E ela vai tentando. Escrever o que lhe grita o seu coração, que só ela ouve.
Mas muitas vezes não consegue. Adormece deitada em cima dos papéis amachucados, com os olhos inchados e o coração acelerado.
Hoje sonhou que era pequenina. Uma menina pequenina.
Um doce.
terça-feira, 14 de abril de 2009
duplas
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1 comentário:
escreves cmo ninguém. é tão profundo o que escreves. um dia se quiseres e quando achar que é a altura conto-te uma história.
amo-te @
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