segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um aparte para Ti

,Esta na hora de falar verdade. Está na hora de dizer tudo o que sinto, sem perguntas, sem porquês, sem comentários.
Eu não me chamo Sofia – e agora nem sei se me chamo Sí,lvia.
Não sei quem sou nem a quantas ando. Não sei quem fui, não sei o que quero ser e também não sei para onde vou nem de onde vim.
Mais explicito que isto? Impossível.
Neste momento, odeio quem sou. Odeio a vida que tenho e peço desculpa aos meninos que lerem isto e tiverem uma vida muito mais complicada que a minha - achar-me-ão uma mimada que para aqui anda – mas eu também não estou muito preocupada...
Mas é assim.

Sinto mil portas fecharem-se na minha cara e sinto o poder a fugir-me pelos dedos.
Sinto-me fraca e não me consigo mexer e sinto-me furiosa e a única coisa que me apetece é correr, fugir, gritar.
Absurdo.
Não sou uma desgraçada sem vida. Não.
Sou apenas alguém que não sei bem quem.




(Um aparte para Ti: Tiraste-me a personalidade, deste-me uma nova. Mudaste a o meu coração, o meu corpo. Moldaste-me a teu favor. E eu fui aquilo que quiseste. Dou-te parte das culpas por agora não sabe quem sou. Quando, de repente, as coisas deixaram de funcionar… Levaste contigo grande parte de mim, grande parte do meu sorriso, quase TODO o meu Amor. Dou-te parte das culpas. Mas já não te vou dar mais nada. Não vou negar que ainda penso em ti, não vou negar que ainda ocupas o meu pensamento e não vou negar sequer que ainda penso em “poderia ter sido diferente”, penso, mas não arrisco. Houve o tempo certo para tudo, e o nosso tempo acabou. Hoje sei disso. Ontem podia ainda não saber. Mas hoje sei! Sei hoje também que te amei tanto quanto podia, que te dei tudo quanto podia, que te tentei satisfazer tanto quanto podia e que Amei amar-te, amei dar-te e amei satisfazer-te. Não tenho palavras sequer para descrever o que foste para mim. Foste tudo. Amar tem esse defeito. Rouba-nos as palavras. Foste TUDO. A maior mudança, o maior risco, o maior prazer, o maior sorriso, a maior dor, o maior orgulho, o maior abrigo, a maior noite, o maior momento. Foste tanto. E ainda hoje sei que, quando me lembrar de ti, será de uma maneira doce, gentil, feliz, sabes porquê? Porque por muita coisa feia que me tenhas feito e que te tenha feito… Foi contigo que aprendi a Amar, a amar sem limites… A Amar de uma forma doce, gentil e feliz. (sim, fui tão feliz contigo) Amei-te para Sempre. Pequena*)



(Um aparte para Ti: Magoas-me quando és injusto comigo, quando falas mal para mim e sabes perfeitamente o quão errado estás. Mandas tantas vezes barretes ao ar e eles acabam quase sempre caídos no chão, não serviram a ninguém. Devias ter mais cuidado. Eu sou fraca, eu ando fraca. Eu não sou de ferro e tu queres que eu seja. Tu queres que eu aguente tudo aquilo que me dizes com uma calma suprema. Se contesto, lixo-me. Se respondo, lixo-me. Se tento falar bem contigo, lixo-me. Eu nunca hei-de ser a filha perfeita, não percebes isso? Não tens o mínimo orgulho em mim? Em eu deslizar mas não sair do meu caminho? Não consegues ver as coisas boas que há em mim? Não consegues MOSTRAR-ME que as vez? O que é que se passa? Não consigo agradar-te. Não consigo fazer-te ver que és injusto comigo. Não consigo fazer-te ver que isso me magoa. Não consigo. E tu só me mandas à cara isso mesmo: Que eu não consigo. Não és meu pai. Mas eu sempre te tratei como tal. Tratei-te por vontade minha, porque te vejo como tal, porque te trato como tal. A palavra Pai não tem necessariamente de ser sinónimo de sangue-do-meu-sangue. Tu é muito mais que um Pai para mim. És um pai, um amigo. És a figura masculina a quem eu me agarro constantemente à procura de um abraço. Um abraço que me envolva em ternura, um abraço que me faça desaparecer por instantes, que me proteja de todos os males da minha cabeça. Tu é essencial, não percebo qual é o teu dilema em entenderes isso.)



(Um aparte para Ti: Odeio que estejas tão longe. Gostava que me conheces como quem eu realmente sou… Tua filha. Deve ser estranho para ti, quando estamos todos juntos… Mas é tão bom, sabes? Todos os dias são uma aventura, uma corrida contra o tempo para aproveitar todos os minutinhos pequeninos para te contar quem sou, para te mostrar quem sou. Sou um pedaço de ti. Tu és um pedaço de mim. Não me reconheces dentro de ti? Ensinas-me tanto. Por muito longe que estejas, contigo aprendo tanta coisa. Tiraste a palavra saudade do meu dicionário e se a uso, é apenas de uma forma supérflua, é uma palavra tão preciosa. Quase tanto como o Amo-te. Agradeço-te por isso, talvez. Acho que torno-me mais forte por estares tão longe. Por todos os dias serem difíceis sem ti aqui, por já me contentar pouco com um beijinho numa fotografia tua. Gostava tanto, tanto que me ajudasses a ultrapassar estas jornadas emocionais que, provavelmente, todas as adolescências trazem implícitas. É difícil, mas acho que sem ti é ainda mais.)

Não me apetece escrever mais. Não me apetece dizer mais verdades hoje. Estou cansada e farta destas noites que parecem nunca acabar. Cada vez tornam-se mais intensas, apenas por já não ter nada em que pensar.
Quero redescobrir-me. Fazer uma limpeza ao coração. Dizer tudo aquilo que me apetece e dar socos na parede.

Hoje à noite sou quem eu quiser.
E já decidi… Esta noite, vou ser especial.

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